Monday, October 8, 2012

Não sei como... mas sei que vou amar-te sempre.
Não sei como as pessoas não conseguem identificar o amor. Eu sei, e acontece, mesmo quando não quero. Sei que se morresse agora, era a ti que queria perto de mim. É sempre a ti que quero. Lutar contra isso baseia-se numa esperança oca de vir a ser feliz sem ti. No fundo, a esperança de vir a ser feliz, mantem-me infeliz. Mas esta é a única forma de te amar. Todas as outras são mais sofridas ainda. Assim, já consigo não sofrer sempre.
Sinto saudades todos os dias... uns mais, outros menos. Mas todos os dias penso... "se pudesse...", "se ele aqui estivesse", "apetecia-me ligar". Só tu conseguiste afastar-me, com a tua crueldade, e assim deixar-me ter esperança, de ser feliz. O tempo passa, e as pessoas dizem "isso passa". Passa?
E quando não te amar?

Monday, September 10, 2012

Choro-te

Nunca esquecerei a vontade que tinhas de te vencer. O teu olhar esperançado em lutar, como sempre fizeras, e acreditavas conseguir fazer. O teu olhar esperançado quando no regresso a casa te diziam estar tudo bem, por mais uns tempos. E aí, vivias mais uns dias como dias fantásticos, no entretém da rotina prazeirenta.
Para ti, cada ida ao hospital, e regresso, com ou sem nova medicação, eram mais uma oportunidade para nos veres, para sorrires e apreciares a paz, simples, que tanto gostavas.
Para nós, cada ida tua ao hospital, era mais uma procura de esperança que pudesses continuar a gozar tudo isso, e nós a gozar de ti presente.
Nunca esquecerei os teus sonhos connosco, em que sabias precisarmos de ti e sentias a possibilidade fatídica de vires a não estar, mas dizia-te ser normal. Era da medicação, mas ia passar. E quando chegasses a casa, ias voltar ao gozo da tua paz interior. Sim, interior, inabalável. No dia dos teus sonhos, deitado naquela falsa cama, vi-te chorar. Pela primeira e última vez em toda a minha vida, vi-te chorar. Foi a tua derradeira forma de me dizeres que nos amavas e amarias sempre, e que, não, não nos querias deixar. Ao ver-te chorar, fiz o que melhor sei. Disse-te que tudo iriamos superar, e continuei a tratar de receituários e prescrições esperançadas com a médica em quem tudo depositavas enquanto desejo de continuar connosco. Tu choravas, eu não. Nem presente, nem ausente. Tenho pálpebras sensíveis, que incham quando choro, e tu irias saber. Saberes que chorei seria o mesmo que saberes que a esperança terminara, e eu não queria nunca que ela terminasse. Não para ti. Eu estava consciente, mas achei que não terias maior dor do que ver dor em mim, e ver que a minha esperança morrera, por isso, não queria nunca matar a tua.
Nos teus olhos via esperança, sempre esperança. Nos meus, vias muita vontade de continuar a ter esperança, e procuravas isso. Até as portas do hospital dizerem já não ser bem-vinda.
Hoje, quando entro em casa, vejo-te no alpendre a sorrir por me veres, e a perguntares como estou. Eu dizia sempre que estava bem, e continuo a dizer, para não te preocupares. Vejo-te a sorrir, com energia, porque tudo estava bem, e porque tinhas o que precisavas. Um trabalho duro, que te garantia o nosso sustento. Um pagamento a horas, as contas pagas e a nossa saúde assegurada. Estavas bem e de nada mais precisavas. Vejo-te no sofá a gozar os clubes e a olhar os políticos com a distância de quem não partilha o mesmo universo. Vou ao teu armário e cheiro as tuas roupas na esperança de que ainda cheirem a ti, mas, quanto mais lá vou, menos cheiram. Vejo a tua falsa presença em toda a casa… aquela que não nos permite rir, apenas nos permite aguentar como gente grande as fatalidades da vida, como tu nos ensinaste a fazer. Mas não há o teu riso. Choro-te e chorar-te-ei para sempre. Agora não vês as minhas pálpebras, e quando te choro, sonho contigo.

Os meus 3 C's... Chopin, chocolate e chianti...

Sunday, July 22, 2012

Às vezes sabemos que alguma coisa tem de mudar. Sabemos que a nossa vida não pode ser isto, só isto, mas não sabemos o que é suposto ser. Parece que tudo aquilo que é destino habitual e comum não é mau, e até poderia ser bom. Mas não suficientemente bom.
Em linguagem de mulher, é como andar à procura de uns sapatos novos para um evento especial, procurar a tarde toda, e voltar para casa sem nada, porque são todos muito giros, mas nenhum é aquele que procuramos. Um dia, vamos a passar numa loja e encontramos os sapatos, mesmo sem procurar.
Transpondo isto para a minha vida, sinto que passei o último ano à procura, não sei do quê, mas de algo que fizesse sentido, e não encontrei. Em jeito de cliché, quando menos esperava, em conversa com alguém a quem não daria muito crédito para me ajudar a encontrar caminho nenhum, muito menos para a vida, parece que a solução surje naturalmente... de forma que nunca tinha imaginado.
Agora, enquanto espero que aconteça, a serenidade preenche-me. Ainda com um pouco de ansiedade, pois a acontecer, será um grande desafio.
O caminho não tem de ser fácil, desde que seja o correcto...

Saturday, May 26, 2012

A única coisa que ganhamos com as más experiências, é a capacidade de prever e evitar situações idênticas.
Por isso a capacidade de aprendizagem é tão importante.
E, não viveremos tempo suficiente para cometer todos os erros possíveis, pelo que, aprender com os erros dos outros é uma arte.

Sunday, May 20, 2012

FM

Tenho saudades tuas...
Já não sei se de ti, se do que representavas.
A verdade é que tenho.
Cada vez menos vezes, mas ainda...
O amor não se esquece assim. Ainda dói.
Ainda te queria, se não fosses tóxico.
Sei que, se me quisesses como eu queria que quisesses, não dizia que não.

Tenho saudades de tanta coisa em ti, em nós. E tenho saudades de quem era contigo.
E não fica mais fácil saber que se eu quisesse, teria-te, hoje mesmo.

Friday, May 18, 2012

Tempo

Estás parado.
Gosto quando és veloz.
Quando corres como um vento costeiro, soprado de Norte, praia fora.
Gostava que corresses.
Gostava de correr contigo.
Estou parada.
Não ando, não corro.
Se corresses, levavas-me contigo?
Voltarás algum dia a correr?
Quando corres também sorris.
Quando paras, sufocas-me.