Friday, September 9, 2011

Esta noite quis parar o tempo. A noite estava quente, o teu colo aconchegante. O teu perfume misturado com as flores dos imensos jardins à nossa volta. Ouvir-te dizer que não havia nenhum lugar melhor para estar.

Há muito não olhava as estrelas, mas na tua presença faz mais sentido.
Quis parar o tempo, pois não havia outro lugar no mundo onde quisesse estar.
E queria perpetuar...
Hoje alguém me disse: "És a minha versão feminina". Alguém que eu considero ser a minha versão masculina.
Quais as probabilidades?

Deliciosamente indomável

Não é todos os dias que conhecemos alguém que nos marca. São poucos os dias da nossa vida em que alguém nos é apresentado e faz a diferença.
E quando percebemos que faz a diferença, ainda receamos, criamos barreiras, distâncias de segurança, muletas. Temos medo do que pode acontecer, do que podemos sentir.
E esses dias, por serem tão poucos, são tão preciosos, tão abençoados, que só deveriamos querer agarrá-los e segurá-los para sempre, para que aquelas sensações se pudessem manter imaculadas. Mas não conseguimos segurá-los, nem afastá-los, nem resistir-lhes. A vida tem o seu rumo, por vezes curioso, irónico, cruel, deliciosamente indomável. Não há muito que possamos fazer para controlar essas sensações... que se vão transformando em sentimentos, e que deixam essa marca indelével na nossa vida.
Não são muitas as pessoas que o conseguem, e essas, escassas, passam a merecer lugar de destaque para sempre. Seja na rotina, seja na memória.

Sunday, August 14, 2011

Os 30


Os 30... comentados desde sempre, como um marco, como um limite, como uma mudança... como um sem fim de coisas sempre negativas.
Chegaram hoje, com bastante tristeza à mistura, mas não por si. Pelo facto de não ter a pessoa mais importante para mim aqui. Porque me concebeu, fez de mim quem sou, e não está cá para me continuar a ver crescer.
Não há maneiras fáceis, nem frases feitas que ajudem a lidar com a perda. Há apenas o sentimento de injustiça, de vazio, de abandono.
Pai, estiveste comigo o dia todo, embora esteja privada de te abraçar. Se estivesses aqui, diria-te apenas: Obrigada por fazeres de mim quem sou.
Sou alguém de bem com os 30. Ou melhor, os 30 ficam-me bem.

Friday, July 8, 2011

Hoje ouvi uma pessoa de 26 anos dizer "a minha mãe ameaçou cortar-me a mesada". E é aí que eu percebo o quão alheada vivo deste mundo, desta sociedade.
Essa pessoa, não tão invulgar assim, é simplesmente alguém que se licenciou e não consegue emprego na área, ou seja, uma pessoa igual a milhares. É 3 anos mais nova do que eu, e prepara-se para deixar de receber mesada 14 anos depois de mim. 14 anos???!! E é aí que percebo novamente o quão distante estou.
E não, não foi porque tive sorte. Ninguém que começa a trabalhar aos 15 anos tem sorte, certo? A verdade é que agora, aos 30, trabalhei 50% dos anos que vivi. Pouco comum aos 30. E será pouco comum aos 40 até, uma vez que já ninguém começa a trabalhar aos 20.
Como posso eu perceber de que forma estas pessoas (a minha geração) vêem a vida? Como posso conceber que alguém se considere infeliz, ou desafortunado, por deixar de receber mesada aos 26? Aos 18 muitas vezes não sabia como iria pagar a renda, ou juntar dinheiro para uns óculos novos (e não eram de sol).
E como podem eles entender a minha forma de ver a vida? Talvez por isso me sinta sempre bastante mais velha, mais experiente, e anos-luz à frente. Talvez por isso aprecie tanto as gerações mais velhas, pois é com elas que me identifico.

Thursday, June 30, 2011

Às vezes parece que a vida se esforça por ser tão injusta. Sei que nunca ninguém disse que seria justa, mas nem só de vez em quando!?
Já chegava de sacrifícios, de perdas, de sofrimento.
De que serve pensarmos que a vida é mesmo assim, que coisas más acontecem a toda a gente, e que todos sofrem, quando olhamos para o lado e vemos gente que tudo tem, tudo consegue, e a principal preocupação é onde vão passar férias no próximo ano? E depois, vemos que é assim, ano após ano...
Também já tentei a estratégia de pensar que a vida se encarrega de nos dar os desafios para os quais estamos preparados. Não concordo... acho que nos aguentamos à barra, enquanto houver um motivo.
Não me sinto uma coitadinha, nunca senti, nem aprecio quem assim se vê. Nunca baixei os braços, e continuo a apreciar as coisas boas da vida. Mas que não é justa, não é.

Tuesday, June 7, 2011

Só tenho medo de te perder para sempre. De esquecer os traços do teu rosto, a forma como me olhavas, o teu tom de voz. Queria eternizar-te como te sinto neste momento.
Vou ter saudades das tuas gargalhadas, da tua preocupação comigo, da tua paciência e tolerância. Quero aprender contigo, mas acima de tudo, queria a certeza que daqui a 20 anos me vou lembrar da tua voz, do teu sorriso e do teu cheiro.
Foste e serás a pessoa mais importante da minha vida. Foi contigo que cresci, e é, sem dúvida nenhuma graças a ti que sou quem sou. E sim, orgulho-me disso, e orgulho-me também muito quando me dizem que "saio ao meu pai". Aliás, não há nada que me deixe mais feliz. Espero que também daqui a 20 anos me digam que vivi como o meu pai. Terei muito orgulho nisso.
Sinto saudades também de te passar a mão no cabelinho, para que estivesses sempre penteadinho. Sinto saudades de cuidar de ti, de te ter aqui...