Parece que o mundo está em euforia. Em todo o lado é luzes, cores, acção. Toda a gente quer novo, mais, melhor. Já ninguém fala de forma honesta. Ninguém pode estar só, triste ou perdido. Não, tem de ir beber uns copos, ou até ao SPA, porque se vai sentir melhor.
O que foi feito dos bares com música ao vivo, melancólica, triste, onde as pessoas iam no final do dia beber um copo e "afogar as mágoas"? Ao bom estilo dos anos 20. Hoje toda a gente sai para se divertir imenso, beber até à exaustão e mostrar-se o melhor que souber, como que para avaliar a sua própria quota de mercado.
Hoje, toda a gente é uma personagem de cinema, que faz questão de expor a sua personalidade complexa, e as suas mágoas já superadas, porque são fortes, mas que causaram muita dor, em tempos.
O António Lobo Antunes diz não perceber as pessoas que dizem que não gostam de pessoas, mas sim da humanidade. Eu não gosto nem destas pessoas, nem desta humanidade.
Em que pessoas nos tornamos, que vamos ao cabeleireiro para ir a um jantar, que viajamos porque é moda, e que lemos porque é sinal de cultura, que tiramos fotografias para pôr no facebook, porque tudo o que temos é uma imagem pública?
Que pessoas são estas que expõem tudo, tudo! Que criam verdadeiros alter-egos para sobreviver, que se entranham tanto naquelas personalidades, que passam a ser a única coisa que possuem?
Que pessoas são estas que tratam as pessoas como descartáveis, pois ou convêm ou são inconvenientes?
Que sadismo é este? Porque nos respeitamos tão pouco? Porque desrespeitamos tão gratuitamente? Que mal nos fizeram?
Que pessoas somos que substituímos pessoas por conceitos virtuais, relações reais por abstractas ou indefinidas? Onde vamos? Onde queremos ir?
Até onde vai o limite da liberdade? O que faz a falta de limites?
Friday, October 14, 2011
Thursday, September 15, 2011
A minha viagem
Estou a horas de fazer a minha primeira viagem a sós.
Embora não esteja com sinais de nervoso miudinho, não consigo dormir :) É o entusiasmo de um passo que pensava dar há muito tempo, e que pelas mais diversas razões, só agora aconteceu.
Digo a 'minha primeira viagem a sós' porque sei que outras se seguirão.
Até aqui sabia o porquê da viagem ter obrigatoriamente um regresso. Agora não sei...
Embora não esteja com sinais de nervoso miudinho, não consigo dormir :) É o entusiasmo de um passo que pensava dar há muito tempo, e que pelas mais diversas razões, só agora aconteceu.
Digo a 'minha primeira viagem a sós' porque sei que outras se seguirão.
Até aqui sabia o porquê da viagem ter obrigatoriamente um regresso. Agora não sei...
Friday, September 9, 2011
Esta noite quis parar o tempo. A noite estava quente, o teu colo aconchegante. O teu perfume misturado com as flores dos imensos jardins à nossa volta. Ouvir-te dizer que não havia nenhum lugar melhor para estar.
Há muito não olhava as estrelas, mas na tua presença faz mais sentido.
Quis parar o tempo, pois não havia outro lugar no mundo onde quisesse estar.
E queria perpetuar...
Há muito não olhava as estrelas, mas na tua presença faz mais sentido.
Quis parar o tempo, pois não havia outro lugar no mundo onde quisesse estar.
E queria perpetuar...
Deliciosamente indomável
Não é todos os dias que conhecemos alguém que nos marca. São poucos os dias da nossa vida em que alguém nos é apresentado e faz a diferença.
E quando percebemos que faz a diferença, ainda receamos, criamos barreiras, distâncias de segurança, muletas. Temos medo do que pode acontecer, do que podemos sentir.
E esses dias, por serem tão poucos, são tão preciosos, tão abençoados, que só deveriamos querer agarrá-los e segurá-los para sempre, para que aquelas sensações se pudessem manter imaculadas. Mas não conseguimos segurá-los, nem afastá-los, nem resistir-lhes. A vida tem o seu rumo, por vezes curioso, irónico, cruel, deliciosamente indomável. Não há muito que possamos fazer para controlar essas sensações... que se vão transformando em sentimentos, e que deixam essa marca indelével na nossa vida.
Não são muitas as pessoas que o conseguem, e essas, escassas, passam a merecer lugar de destaque para sempre. Seja na rotina, seja na memória.
E quando percebemos que faz a diferença, ainda receamos, criamos barreiras, distâncias de segurança, muletas. Temos medo do que pode acontecer, do que podemos sentir.
E esses dias, por serem tão poucos, são tão preciosos, tão abençoados, que só deveriamos querer agarrá-los e segurá-los para sempre, para que aquelas sensações se pudessem manter imaculadas. Mas não conseguimos segurá-los, nem afastá-los, nem resistir-lhes. A vida tem o seu rumo, por vezes curioso, irónico, cruel, deliciosamente indomável. Não há muito que possamos fazer para controlar essas sensações... que se vão transformando em sentimentos, e que deixam essa marca indelével na nossa vida.
Não são muitas as pessoas que o conseguem, e essas, escassas, passam a merecer lugar de destaque para sempre. Seja na rotina, seja na memória.
Sunday, August 14, 2011
Os 30
Os 30... comentados desde sempre, como um marco, como um limite, como uma mudança... como um sem fim de coisas sempre negativas.
Chegaram hoje, com bastante tristeza à mistura, mas não por si. Pelo facto de não ter a pessoa mais importante para mim aqui. Porque me concebeu, fez de mim quem sou, e não está cá para me continuar a ver crescer.
Não há maneiras fáceis, nem frases feitas que ajudem a lidar com a perda. Há apenas o sentimento de injustiça, de vazio, de abandono.
Pai, estiveste comigo o dia todo, embora esteja privada de te abraçar. Se estivesses aqui, diria-te apenas: Obrigada por fazeres de mim quem sou.
Sou alguém de bem com os 30. Ou melhor, os 30 ficam-me bem.

Friday, July 8, 2011
Hoje ouvi uma pessoa de 26 anos dizer "a minha mãe ameaçou cortar-me a mesada". E é aí que eu percebo o quão alheada vivo deste mundo, desta sociedade.
Essa pessoa, não tão invulgar assim, é simplesmente alguém que se licenciou e não consegue emprego na área, ou seja, uma pessoa igual a milhares. É 3 anos mais nova do que eu, e prepara-se para deixar de receber mesada 14 anos depois de mim. 14 anos???!! E é aí que percebo novamente o quão distante estou.
E não, não foi porque tive sorte. Ninguém que começa a trabalhar aos 15 anos tem sorte, certo? A verdade é que agora, aos 30, trabalhei 50% dos anos que vivi. Pouco comum aos 30. E será pouco comum aos 40 até, uma vez que já ninguém começa a trabalhar aos 20.
Como posso eu perceber de que forma estas pessoas (a minha geração) vêem a vida? Como posso conceber que alguém se considere infeliz, ou desafortunado, por deixar de receber mesada aos 26? Aos 18 muitas vezes não sabia como iria pagar a renda, ou juntar dinheiro para uns óculos novos (e não eram de sol).
E como podem eles entender a minha forma de ver a vida? Talvez por isso me sinta sempre bastante mais velha, mais experiente, e anos-luz à frente. Talvez por isso aprecie tanto as gerações mais velhas, pois é com elas que me identifico.
Essa pessoa, não tão invulgar assim, é simplesmente alguém que se licenciou e não consegue emprego na área, ou seja, uma pessoa igual a milhares. É 3 anos mais nova do que eu, e prepara-se para deixar de receber mesada 14 anos depois de mim. 14 anos???!! E é aí que percebo novamente o quão distante estou.
E não, não foi porque tive sorte. Ninguém que começa a trabalhar aos 15 anos tem sorte, certo? A verdade é que agora, aos 30, trabalhei 50% dos anos que vivi. Pouco comum aos 30. E será pouco comum aos 40 até, uma vez que já ninguém começa a trabalhar aos 20.
Como posso eu perceber de que forma estas pessoas (a minha geração) vêem a vida? Como posso conceber que alguém se considere infeliz, ou desafortunado, por deixar de receber mesada aos 26? Aos 18 muitas vezes não sabia como iria pagar a renda, ou juntar dinheiro para uns óculos novos (e não eram de sol).
E como podem eles entender a minha forma de ver a vida? Talvez por isso me sinta sempre bastante mais velha, mais experiente, e anos-luz à frente. Talvez por isso aprecie tanto as gerações mais velhas, pois é com elas que me identifico.
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