Monday, April 30, 2012

"O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. " de MEC.
Este texto de como se esquece alguém que se ama, poderia ter muito bom escrito por mim. Não que tenha a ousadia de me comparar a este senhor na escrita, mas comparo ideologicamente, com as limitações que uma jovem de de 30 anos pode ter. Limitações, fruto da inexperiência. Contudo, a vida proporcionou-me já um leque de experiências que se fossem um CV, seriam um bem valorizado.

Por vezes ainda tenho de explicar às pessoas que estar triste não é estar deprimido. Não deprimido como a doença da moda. Deprimido sim na medida em que é preciso, de vez em quando, dizer à vida que já chega. Que nos retiramos da batalha para limpar as armas e percebermos quais as sequelas, antes de voltar ao campo de guerra.
O MEC diz que esquecemos devagarinho. Eu acredito que nem chegamos a esquecer. É como uma amputação de um membro. Não esquecemos, adaptamo-nos, e de vez quando, sentimos as dores fantasmas, pois não pode doer algo que não temos. Perder um amor é assim. Mas, com o tempo, deixa de doer sempre. Sara a ferida, e aprendemos a viver novamente.
Coisa estranha esta, hein? Num tempo em que queremos ir em direcção ao idílico, à perfeição, que vida é esta que a cada passo nos amputa? É a que sempre foi, sem photoshop...

Thursday, April 26, 2012

...
Esta noite sonhei contigo. Foi tão bom...
Acordei com a sensação de querer voltar para o sonho. É a única maneira de te voltar a ter perto, e é tão real... não queria acordar.
Se alguém me perguntasse qual era a coisa mais preciosa que tinha, respondia que era a capacidade de sonhar.
Nos sonhos tu voltas a estar connosco e nós voltamos a rir. E tu voltas a fazer-nos rir, e a aconchegar-nos com a tua serenidade. Agora ninguém faz isso por nós...
Quanto mais o tempo passa, mais saudades sinto. Penso que me vou habituar, mas não consigo...
Não tenho a ilusão de voltar a ver-te ou poder falar contigo, mas de alguma maneira preciso de acreditar que continuas a cuidar de mim.
Não eras só o meu pai... eras também a única pessoa que me amava incondicionalmente, e que me apoiava em todas as decisões, por muito erradas que fossem, e não sei como viver sem isso. Eras também a única pessoa atenta. Sempre atento. Nunca te esquecias de um exame, de uma entrevista, ou de uma dor na véspera. Eras tu que procuravas os anúncios no jornal que me poderiam interessar, enquanto eu nem tinha tempo para respirar. Contigo a vida era sempre simples, e os problemas... existiam para serem resolvidos... e nem sequer eram grandes. Mesmo quando estavas doente, a tua principal preocupação eramos nós...
Vou ter de me habituar, porque tenho de continuar a viver e a cuidar da mãe e do Henrique, como me pediste. Mas e de mim, quem cuida? Eras tu quem cuidava... Contigo não havia porquês, nem ses. Havia amor, infinito.
Os dias passam, e a tua lembrança surge nas mais pequenas coisas... Há um ano sofrias muito, e eu não queria que tivesses de sofrer. Era injusto. E é igualmente injusto que tivesses de morrer tão jovem... Tento habituar-me a esta falta de sentido, mas conformar-me nunca foi o meu ponto forte...
Pode ser que tenha a sorte de voltar a sonhar contigo hoje, e podes voltar a contar-me as histórias do ultramar, que eu tanto adorava ouvir

Sunday, April 22, 2012

Audácia

De vez em quando vem à baila o tema das relações. É curioso verificar a forma como as pessoas pensam, ou pelo menos, se expressam relativamente a isso.
Primeiro, toda a gente parece concordar que “devemos procurar” alguém isto, ou alguém que aquilo… Estranho… eu acredito que as relações acontecem.
Mas depois, há opiniões mais engraçadas, acerca dos detalhes das pessoas que “devemos procurar”.
Há dias, uma mulher comentava que nunca devemos procurar homens muito bonitos. Parei o que estava a fazer e quase que arregalei os olhos, expectante para ouvir a justificação para tamanha afirmação.
A justificação passava pelo facto de que, se são muito bonitos, vão ter sempre muita oferta, e naturalmente a propensão à “troca” ou à traição seria maior.
Ouvi, sorri e fiquei em silêncio, como muito bem sei fazer quando não quero ser um incidente diplomático. Mas, fixei esta passagem tão bem, essencialmente por não ter sido a primeira vez que ouvi essa teoria.
Entretanto reflecti…
Então agora não é suposto termos aquilo que queremos porque pode ser-nos tirado? Deixa ver… Não vou aceitar aquele cargo que sempre quis, porque vai haver muita concorrência e manipulação, e muita gente não vai descansar enquanto não ficar com ele. Não vou ter um carro topo de gama, porque muita gente o quer e pode ser roubado, e não vou ter alguém que desperte interesse a outras mulheres porque posso ser trocada??!!!!!
Não. Eu quero ter o cargo que me é oferecido, se eu for a primeira opção para ele, e quero ter a pessoa de quem gosto realmente (bonita ou não), se for a primeira opção para ela. A questão aqui passa não pelas opções, mas pelo posicionamento das opções. Nunca aceitarei ser uma segunda opção, e só saberei que não sou, se a pessoa tiver liberdade de escolha. Sendo “bonito”, tê-lo-á com maior probabilidade. Por outro lado, nunca aceitarei segundas opções. Ou tenho o que quero, ou não tenho nada.
Mas quem são estas pessoas que nos dizem que devemos ter o mais seguro, em vez do melhor? Serão pessoas com medo de ficar sem nada? Serão elas capazes de viver sem nada? Talvez não. Mas vivem sem nada do que gostariam realmente de ter. Não será isso bem mais triste?
A audácia não cabe a todos nós. Cabe apenas àqueles a quem o risco de viver sem nada não impede de lutar pelo que querem.

Saturday, April 21, 2012

Sonhos...

Envolventes, sedutores, absorventes…
Inebriantes, transportam-me até ti.
Neles, não há pudor, nem dor.
Há amor, puro.
Há os teus olhos, brilhantes como sol em água reflectido.
Há o teu sorriso, puro e sincero, e a vontade de ti.

Doçura

Que as palavras não podem descrever,
Que as cores não conseguem reflectir,
E os sons não podem imitar.