Tuesday, November 10, 2009

Inverno


Chegou o inverno... e por muito que, ano após ano, tente ver o lado positivo, que é a única alternativa que tenho, não consigo habituar-me.

O frio consome o meu corpo, deixando uma terrível sensação de asfixia.
A chuva afoga-me a alma na sua escuridão. Lembra-me lágrimas tristes choradas pelo céu, com saudades do verão.

A luz do Sol é escassa e tudo fica mais sombrio...

Nem o lado bom do inverno consegue alegrar-me a alma.

No inverno relembro sempre as noites de paixão, na serra, com a neve a cair pela janela, e uma lareira muito quente...não tão quente como as nossas almas...mas que ainda hoje aquece em memórias.
Sinto a tua falta.

Saturday, November 7, 2009

Livello

Sempre acreditei em amizades verdadeiras entre pessoas de sexo oposto.
A verdade é que a única verdadeira amizade que tive com um homem durou praticamente metade da minha vida... talvez uns 14 anos.
Durante esse tempo ele era algo parecido com um irmão mais velho.
Com grande parte das pessoas com quem falei deste assunto, os comentários foram sempre na mesma direcção: não havia atracção física. Para muita gente é a isto que se resume a questão. A verdade é que ele é um dos homens mais atraentes que conheci, e tenho a certeza que do outro lado a admiração da beleza física também existia.
No entanto, após tantos anos de amizade, de partilha de alegrias, tristezas, medos, erros, etc... a presença dele na minha vida tornou-se tão importante, que não poderiamos correr o risco de fazer algo que nos pudesse afastar irremediavelmente.
Hoje, e desde há um ano, as coisas mudaram... Mudaram porque às vezes temos que fazer escolhas, e para que essa pessoa pudesse ser feliz, ou pelo menos tentar, eu tive que me afastar...
É a maior saudade que alguma vez senti, e à qual não me consigo acostumar...

"Digo o que penso"

Está na moda dizer "eu digo o que penso", "eu sou directo". Como se essa característica fosse a qualidade mais ilustre que um ser humano pode ter. Mas fico boqueaberta com o orgulho com que as pessoas dizem isto. E a maioria delas sempre viveu em democracia, o que ainda traz menos sentido à coisa...
Mas o que me intriga é o porquê de as pessoas falarem disso como uma grande qualidade. Primeiro porque isso não é verdade e portanto estão a convencer-se que algo que não conseguem fazer é uma grande qualidade. Depois, mesmo que o conseguissem realmente fazer, porquê considerar isso uma qualidade?

Só dizemos o que realmente pensamos em situações muito específicas. Por várias razões... A que considero primordial é o facto de sermos seres sociais, a quem é exigido um certo nível de inteligência social. Depois, desde quando é que somos ouvidos pelos outros sempre que nos apetece opinar? Por último, qual a necessidade de sermos crueis para sermos frontais? O que ganhamos com isso? Sim, porque muitas vezes o que pensamos é cruel.

Admito que algumas pessoas consigam ser mais frontais em relação ao que pensam de outras pessoas. E relativamente ao que pensam delas próprias? Já conheceram alguém que expurgasse as suas fragilidades publicamente, apenas para reforçar a ideia de sinceridade? Eu não.
Quantos de nós conseguem assumir perante outros aquele lado negro que nos compõe, os medos, os sentimentos muito pouco nobres que a cada passo nos assolam. Quem nunca sentiu inveja, ódio, medo? Quem nunca se sentiu frágil, incapaz, impotente, indigno, desinteressante? Mas nunca vi ninguém vangloriar-se de tal.
É mais um tema sem valor acrescentado, mas já não suporto ouvir pessoas dizer "digo o que penso" como se isso fosse tão importante como "salvei uma vida"...

Tuesday, November 3, 2009

Sonhos...

Hoje estou entusiasmada, em pulgas, mesmo!
Pareço uma criancinha na noite de Natal :)
E porquê?
Por que vou ter a minha primeira aula de natação :)
Mal posso esperar!

Monday, October 26, 2009

Expectativas...

Vivo na expectativa de descobrir o que a vida me reserva.
Pode ser um cliché, pois à partida, todo o ser humano tem essa curiosidade. Obviamente essa expectativa está aliada à esperança de que as coisas boas superem as más.
Há dias, alguém me disse que só vive nessa expectativa quem está insatisfeito com o presente. Nem me dei ao trabalho de refutar peremptoriamente pois há pessoas para quem ter razão é sinónimo de vitória, e quando assim é, a discussão de ideias torna-se até desagradável, pois mais parece um duelo de razões.
Eu vivo expectante, pois já percebi que por muito que tente controlar o meu destino, conseguirei apenas controlar uma ínfima parte. Em parte pela inconsciência das coisas. Quantas vezes pensamos, "se eu soubesse... ,se fosse hoje"? A verdade é que não sabemos. Quando tomamos uma decisão conhecemos apenas uma milésima parte das consequências daí advindas. Todo o resto é fruto de milhões de decisões de todos os seres do universo que connosco vivem. Ainda bem que assim é...
Sou uma pessoa com sérias dificuldades em encontrar um sentido para a vida…a histórias das pequenas coisas nem sempre me deixa satisfeita, e as grandes coisas não acontecem todos os dias.
Talvez por isso o meu dia-a-dia gire em torno da expectativa.
Mas a expectativa tudo mais complicado quando se reflecte nas pessoas à nossa volta. Tenho uma enorme tendência para criar expectativas em relação às pessoas à minha volta, e quanto mais importantes são essas pessoas na minha vida, maior a importância que atribuo às suas atitudes e mais espero delas.
Obviamente o resultado acaba muitas vezes em desilusão...
Gostava de dizer que aprendo, mas não é verdade...

Wednesday, January 21, 2009

Recuso-me

Recuso-me a viver vulgarmente
Recuso-me a viver pelos padrões que a sociedade constrói para alguns,
talvez para os fracos, talvez para os indiferentes.
Qual o sabor de passar pela vida sem viver?
Sem viver o amor, o ódio, a dor, a felicidade extrema e infelicidade aterradora?
Qual o sabor de viver por protocolo, porque todos vivem assim?
Não sei, nem quero saber.
É bom ver que, após todo este tempo, ainda alguém lê este espaço...
Apesar da distância, das mudanças, da vida em si, há alguém que se lembra de mim...

O que seriamos nós se não fossemos recordação para ninguém?
Uma verdadeira poeira no ar, que flutua e cai.
Assim me sinto.

Sinto-me transportada para uma dimensão diferente, onde nada faz sentido, onde não conheço os caminhos nem o chão que piso.

Sinto que a não reflexão prolongada pode ter consequências ferozes...
Pode ferir, matar.

No silêncio, no vazio, tento encontrar uma estrada.
Cor de sanguinea, o coração bate, perdido.
Procura a verdade absoluta, sente um medo mordaz.

A insanidade reina
a sede de sentir impede a normalidade.
Normalidade mortal, que neutraliza os sentimentos imortais.
Não vou deixar. Vou sentir.