Sunday, February 27, 2011

Novo capítulo

Finalmente acabou o pesadelo...
Não me apetece escrever nem falar sobre isso, pelo menos agora.
Quero apenas registar.

Monday, February 14, 2011

Silêncio

Procuro um lugar em silêncio.
Viro ao fundo da rua, e por entre as sombras dos morcegos a passar, fugindo dos candelabros, ouço passos. Sigo em frente, não olho para trás, e ouço um gato a fugir de mim. Ele foge, e eu?
Continuo, e a chuva começa a arrefecer-me o corpo. Fico fria, por fora e por dentro, e a pele arrepia-se para não deixar sair mais calor. Porquê? Não posso gelar?
Ando e ando, horas depois. Meses depois, cansada, deito-me nos bancos frios e molhados do jardim. Continua a chover. A chuva a cair lava-me as lágrimas e a alma. Ajuda-me a encontrar o silêncio gelado que procuro. O meu corpo gela finalmente, e a lua abraça-me num sonho.
Acordo, e o meu corpo já seco arrepia-se com os raios de sol. Os meus olhos, enxutos, estranham a luz, mas sorriem. Levanto-me, e continuo em busca de um lugar em silêncio...

Thursday, February 10, 2011

Noite

É na noite que te quero
É aí que me abraças
No seu silêncio me perco
A cada gesto que faças.

Adormeço a ouvir-te
Nos teus braços sou criança
É a ti que quero ali
Só a ti, sempre a ti.

Não adormeço,
A preciosidade não permite
O teu cheiro é insenso
Que o claro dia não admite.

É no dia que desvanece
A saudade fica, suave, e aquece.
É no dia que o frio vem
Acordo, e não vejo ninguém.

Laivos

Laivos de prazer,
rasgos de desejo,
vício de sofrer.

Laivos de paixão,
desejos de te ter,
como só contigo as noites são.

Laivos viciantes,
marcas indeléveis,
vício de amar de dois amantes.

Laivos silenciosos
vontade sufocante
gritos lacrimosos
como uma lâmina, és acutilante.

Amar é Pensar

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

Alberto Caeiro, in "O Pastor Amoroso"