Haverá algum sentimento pior do que ver alguém que amamos desaparecer?
Desaparecer aos poucos, com a destruição do próprio corpo, das próprias células.
Não há alma nem força interior que resistam à soberania dum corpo doentio.
É nessa altura em que sabemos que a nossa vida nunca mais será como dantes.
Uma grande parte dela está prestes a morrer, a ser apenas uma recordação.
E não há pensamento filosófico nenhum que torne as coisas mais suportáveis, ou aceitáveis.
Não há deus que conforte. Aliás, eu que nunca acreditei na sua existência, agora penso que se de facto ele existe, devia ter vergonha do que anda a fazer...
Se é para ser cada um por si, e se não é suposto haver um mínimo de igualdade, ou de oportunidade à partida, se é para andar meio mundo a servir outro meio, e a espezinharmos uns os outros, então não precisa de existir...
No comments:
Post a Comment